segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O que será do meu filho quando crescer?

Vira e mexe leio em algum lugar, ou participo de conversas sobre escolha de escola para os filhos. E na maioria das vezes me sinto meio à margem do que tem se considerado importante. Lembrando que quando falo de escolha de escola normalmente estou falando de escolha de escola pra crianças da mesma idade do meu filho, algumas vezes mais novas e outras vezes pouca coisa mais velhas.

Qual a ansiedade dos pais ao buscarem uma escola pro seus filhos? Que seja um lugar acolhedor, que a criança não seja mal tratada é uma unanimidade. Mas existem outros itens que em maior ou menor proporção também tem sido valorizados:
- Que tenha  um bom inglês (escola bilíngue ou pelo menos com inglês "forte") pq hoje em dia um profissional que não saiba inglês de forma fluente (inclusive com fonemas que só se adquirem na infância) já está um passo atrás.

- Que ensine a criança desde cedo a estudar, a ter rotina de estudo, fazer provas, se preparar pra esses testes, afinal um dia eles enfrentarão o vestibular, no caso a FUVEST e aí é preciso estar muito bem preparado pra que se consiga uma vaga na melhor universidade já que isso já dá um up automático no currículo do futuro profissional (seja em qual área se opte em 15 anos).

- Que forneça o conteúdo que a criança vai precisar pra passar no vestibular. Se a criança estuda em uma escola "fraca" ela automaticamente estará fadada ao fracasso acadêmico que acarretará em um fracasso profissional e consequentemente uma vida infeliz.

Bem, é claro que existem escolas muito boas que dão conta de tudo isso que se busca e ainda outras coisas mais. Essas escolas muitas vezes, tem não só uma mensalidade alta, mas também fila de espera pra se conseguir vaga. Afinal o mercado de trabalho é acirrado, não podemos bobear. É claro também que pra que se chegue a todo esse conteúdo e que se possa garantir um sucesso na hora de ingressar na faculdade a escola oferece uma carga horária ampla, não só presencial, mas também enviando conteúdo pra ser revisto em casa, através de trabalhos e lições de casa que tomam uma parte considerável do tempo "extra-escola".

E aí eu pergunto o que será do meu filho? Ele teve o azar de ter uma mãe que simplesmente não consegue achar que o vestibular que virá em 14 anos deve ser parâmetro pra escolha da escola. Ele tem uma mãe que não consegue entender que ele precisa começar a se preparar pro mercado de trabalho com 4 anos. Que acha que o importante pra ele não só agora, mas por uns bons anos é viver coisas de acordo com a sua idade e que coisas de acordo com a idade nesse caso significa brincar, passear, "ler", contar historinha, ficar sem fazer nada.

Ele tem uma mãe que acha que é meio estranho pensar num futuro profissional de uma pessoa que não sabe nem o que é profissão e que pode tanto optar por ser engenheiro de aviação e passar por um vestibular quase impossível como pode querer ser artista plástico, ou vendedor, ou  cantor, ou nada disso. Ele pode resolver ser roteirista de peça de teatro, pode querer ser mecânico, chef de cozinha, médico, motorista de táxi. E que só quer que ele seja feliz em qualquer um desses caminhos.

Por isso meu filho nem de longe está sendo preparado pra competir no mundo corporativo. E por isso que na escolha da escola eu sempre simpatizei com métodos de construção de conhecimento. O que eu espero de verdade deles é que possam fazer dele uma pessoa que tenha capacidade de assimilar, de ler, de raciocinar. Que ele adquira conhecimento em forma de cultura e não de conteúdo pra vestibular. Eles lá na escola e eu aqui em casa. Porque daí se um dia ele quiser ser motorista de táxi ele vai ter uma conversa legal com seus passageiros. E se ele resolver ser engenheiro de aviação ele terá capacidade de compreensão pra estudar muito, muito e seguir por esse caminho.

E uma das coisas que tem me chamado atenção nessas discussões todas de escola é a valorização desde cedo do material. O que eu imagino pro meu filho qdo ele tiver 30 anos? Um bom emprego? Um apartamento? Um carro bom? Um cartão de crédito Platinum (quiçá black!)?

Toda mãe e todo pai querem que seu filho seja um adulto feliz. Mas o que é a felicidade? O advogado bem sucedido que se torna sócio do grande escritório de advocacia aos 35 anos depois de muita dedicação, muita abdicação e que junto com isso conquistou apto próprio, carro importado, viagens internacionais 2x/ano e usa terno Reinaldo Lourenço é mais feliz que o advogado que trabalha em um escritório no seu bairro e ganha o suficiente pra ter um apto financiado, um carro popular, vai pra praia no feriado e compra terno na Colombo?

Eu acho que não, ou melhor eu acho que pode ser mais ou menos feliz dependendo de tantas outras coisas da sua vida. Eu acredito que dinheiro é sim uma parte da felicidade. Ninguém é feliz passando fome, ou sem ter dinheiro pra morar adequadamente, pra comprar remédio, ou mesmo tem uma dose de lazer. Mas sanadas as necessidades básicas (moradia, saúde, alimentação) o aumento do dinheiro não é proporcional ao aumento da felicidade.

Enfim por tudo isso meu filho até que se declare contra isso vai continuar levando uma vida de criança, frequentando uma escola que o deixa feliz e sem planos pra sua carreira. E azar dele que tem uma mãe que acha que se alguém quer ter sucesso na carreira tem mais é que se lascar depois de adulto. Ele que corra atrás disso quando crescer, a minha parte é fazer dele uma criança feliz, o adulto bem de vida deixarei pra ser preocupação dele e estamos combinados!

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