terça-feira, 20 de dezembro de 2011

11/11: Zequinha, Porto Alegre

Depois de 4 shows emocionantes e de 4 voos chegou o dia do último show do Brasil. Tudo de novo: aeroporto, avião, mala pra carregar. Cheguei em Porto Alegre, check in no hotel, almoço e novamente estádio.

O Zequinha é um lugar muito acolhedor. Parece um estádio de clube de campo, de clube do sindicato não sei bem explicar, mas tinha uma coisa muito legal lá.

O público muito tranquilo, conversamos com "locais" e pegamos dicas de onde comer (dica preciosa do melhor hamburger de todos!), ficamos perto do palco, perto do Mike. Nesse show levamos cartazes pedindo música, agradecendo entramos total no clima.

E teve coisa muito boa: Present Tense, 1/2 full... OCEANS a música que eu julgava impossível de ouvirmos e pra completar Light Years.
Conseguimos também chegar na grade e o inimaginável aconteceu. A uma certa altura do show Eddie Vedder desceu do palco e correu próximo ao público (como tinha sido em Curitiba) e bateu a mão na minha. Estado de choque total, encostei em Deus!

E assim foi o último show em solo brasileiro com direito a ouvir Eddie Vedder chamar o público do Brasil de melhor público do mundo. Precisa dizer mais?





Estádio Paraná Clube: 09/11

Quarta feira pela manhã, saí do trabalho direto pra Cumbica. Chegando em Curitiba, encontramos com todos no hotel, corremos pro shopping, almoço e seguimos pro show.

Uma fila enorme, mas conseguimos um lugar legal, de novo ao lado do Mike. Pequenas confusões antes do show começar, público um pouco estranho. Quarto show do X, mas com direito a entrada de Eddie na última música.
O show abriu novamente com Go mas em Curitiba o efeito devastador foi bem menor que em SP. Confesso que depois do segundo show de SP e do show do Rio eu não tinha muito o que esperar de Curitiba e Porto Alegre. Mas coisas incríveis aconteceram: In Hiding, Breath, Footsteps, Off He Goes. Talvez o melhor set list dos 6 shows (Porto Alegre também foi muito bom)

E então eu tive a maior crise emocional da tour, ouvindo pela quarta vez Unthought Known. É difícil explicar o porque mas a letra dessa música é linda, tem tudo a ver comigo, foi muito presente durante um ano que foi emocionalmente intenso pra mim, me colocou de pé várias vezes. E naquele momento tudo se transformou em lágrimas e soluços e consolo dos amigos.

Mais uma etapa vivida, mais um turbilhão de emoções, mais uma injeção de ânimo. Saindo do show andamos até o hotel, pedimos a pizza mais demorada da historia (2h e 30) e dormimos quase nada pra variar. E de novo de volta a SP!

sábado, 19 de novembro de 2011

Apoteose: 06/11


Quando o avião foi se aproximando da cidade eu já fiquei completamente extasiada pela vista. Sim, o Rio de Janeiro continua lindo!

Do Santos Dumont direto pra Botafogo, casa da Clau, ponto de encontro com amigos! Um curto caminho a pé até o restaurante. Ah o Rio de janeiro... todo meu amor por essa cidade encantadora tornou um curto percurso um passeio agradável. Almoço regado a conversas, ansiedade e alegria.

Fim de tarde e finalmente chegamos lá... Apoteose. Clima pré show, alegria, euforia! Um pequeno estresse entre um dos amigos e uns seres folgados que ali estavam, um corinho de viado... mas pra mim tudo continuava lindo. Virei uma aprendiz de Pollyanna durante esses shows, pra mim era óbvio que tudo ia dar certo, que tudo ia ser lindo!

Luzes apagadas, a música que acelarava nossos corações a cada show. Eles entram e começa Unthought Known... e assim iniciou-se um dos shows mais "emocionais" da tour.

A posição que estávamos era muito parecida com a do último show em SP, em frente ao Mike, não muito longe do palco. Com o show fluindo porém fui me aproximando cada vez mais da grade até alcançá-la, nem sei como, pq não foi de propósito, não foi tentando passar na frente de ninguém, foi simplesmente acontecendo. E ali de frente pro Mike fiquei. Em um dos momentos mais marcantes dessa tour ele sentou-se na beira do palco e tocou ali, tão perto de nós.

O set list do show foi bem interessante. Depois da abertura calma veio Last Exit emendada com Blood. Aí as clássicas e ótimas Corduroy e Given to Fly. E então Nothingman, linda, tocante, inédita. E depois Habit, Of the Earth, Mother, Indifference.

Em Come Back vontade de chorar (opa chorar em música do Abacate?)

Fim do show, com a clássica Yellow Ledbetter, sensação de estar no melhor lugar do mundo naquele momento, acompanhada das melhores pessoas do mundo. Risos, lágrimas, cara de não acredito.

Saindo de lá andamos até um boteco, que aliás tinha nome engraçado (Bar da Quengas), decoração ímpar, comemos coisas gostosas... a vida não podia ser melhor que isso!

Metade da missão terminada. Faltavam 3. Um certamente seria especial (Buenos Aires) mas e os outros dois? Teria como Curitiba e Porto Alegre surpreenderem depois de tudo isso? Teria como a vida ser ainda melhor?

Com Quem?
Clau, Diego, Aline, Luana, Carlos, Dieguinho, Tadeu, Carol.

Ouvindo o que?


Morumbi 04/11


Então é isso. Já tinha começado, estava realmente acontecendo. E assim nesse clima de a vida é maravilhosa fui trabalhar tendo dormido quase nada. Mas não tinha problema. Nada era problema. Novamente ingresso junto ao corpo. Almoçamos em um restaurante argentino (coisinha bem leve haha) e fomos novamente a caminho do estádio.

Eu queria ver de novo, queria ficar perto de novo, queria, queria, queria. Confesso que quando descobri que ia ter sobremesa fiquei meio agitada (quero ir logo!). Mas tudo certo chegamos ao Morumbi, cerca de 17 h e lá já estavam Tadeu e Paulo. Todos foram chegando, tudo foi se acertando e finalmente X de novo. Susan, Susan, Susan... "saideira" logo na primeira música, tudo se repetindo.
E então novamente com cerca de 30 minutos de atraso as luzes, a música... Eddie Vedder se dobra pra trás e... Go!
Não acreditava que estava acontecendo de novo! Não acreditava que Go era a abertura. Simplesmente a melhor abertura do mundo. E devo dizer que apesar de o público de SP ser um pouco "estranho" na sexta as coisas estavam melhores que na quinta em termo de empolgação (como já era esperado) e eu acho que esse tipo de abertura tem tudo a ver com a cidade. Confesso também que sou meio maloqueira nesse aspecto e que até curto umas puladinhas mais violentas (diferença gritante de Go em SP e Go em Curitiba nesse quesito). Tenho memórias muito nítidas desse começo. Luana me olhando e dizendo: PORRA BABI DE NOVO! (sim eu tenho conexão mental com Deus, digo Vedder e a "culpa" era minha hahaha). E Carol com cara de "socorro vou morrer"
Mas pra mim foi lindo. E fez-se de novo a sequência mortal de músicas abrindo e quando já estávamos pedindo o pinico (3 pauleiras) pai Shepa diz... agora Hail, Hail. E ele estava certo.
Hail, Hail é porrada... mas é uma porrada linda. Música sensacional. E então na décima música Amongst the Waves, querida demais.

Em Inside Job (que eu comecei a gostar só depois da segunda chance dada ao abacate, já no clima pré show) Ed disse que Mike mostrou pra ele a música qdo estavam em SP, que isso lembra a cidade e apesar de parecer bobeira achei muito legal isso!

Coisa importante desse show lindo: o poster mais foda da Tour!

Próxima parada: Rio de Janeiro, expectativas altas.

Com quem?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Morumbi 03/11


Eis que estou aqui tentando escrever sobre uma das maiores experiências da minha vida. E como é difícil começar. O que dizer? Como transformar em palavras uma carga de sentimentos tão grande?
Desde o início do ano haviam rumores de uma turnê sul americana em 2011. Notinhas em sites alimentavam a ansiedade de quem por mais de 5 anos esperava um retorno.

E finalmente em uma segunda feira de julho o anuncio oficial: 4 shows no Brasil. E uma outra possibilidade. Um show na Argentina no meio do feriado brasileiro de 15 de novembro.

Comemorações, lágrimas e risos. Planos, muitos e muitos planos. Sites de hotel, de albergue, de compania aérea. Espera pelos ingressos. Tudo comprado, tudo resolvido, show extra, 4 meses de preparativos... e chega o dia 03/11.

Fui trabalhar já com tudo pronto. Ingresso junto ao corpo. Podem roubar tudo, menos isso. e Toda a energia desses dias, todo o encantamento começou naquela quinta feira pela manhã quando na Consolação minha amiga Luana entrou no carro fomos rumo ao Morumbi. Almoço no shopping, encontro com amigos, carro estacionado e finalmente após 5 anos e 11 meses chegou a hora de ir ao show da banda da sua vida.

Caminhamos até o Morumbi com um misto de alegria, ansiedade, euforia. Na porta outro amigo, o clima de show... as horas passaram relativamente rápido enquanto apostávamos pra ver o que ia tocar, que música abriria. Mais amigos chegando, frio na barriga aumentando.

Pouco mais de 19 horas... entra no palco a banda de abertura. X. Nunca tinha ouvido falar (por ignorância minha e não por inexpressividade deles). E uma sósia de Susan Boyle mandando ver no vocal, um guitarrista que parecia pai do Mike McCready... uma banda legal, mas confesso que a vontade maior era que eles fossem logo embora. Até me afeiçoei a eles no decorrer dos shows, mas ali, naquele dia eu queria outra coisa, eu queria a maior banda do planeta, do meu universo.

Com cerca de meia hora de atraso, luzes se apagam, começa uma música e vemos Matt, Mike, Stone, Jeff, Boom e Eddie. Difícil explicar a onda de emoção que senti, mais difícil ainda descrever o que aconteceu quando os primeiros acordes de Release começaram a tocar.

Essa música tem um apelo emocional muito grande pra muita gente e era uma das que não tínhamos ouvido em 2005. Meu amigo Diego passou o dia dizendo "vai abrir com Release". Quando vi que ele estava certo fiquei feliz demais. Feliz por abrir com uma música linda e por saber o impacto que essa música tinha pra ele ali. Eu sabia a emoção que era vc dizer mil vezes uma coisa (uma música no caso) e ela ser tocada. Foi assim pra mim quando em 2005 abriram com Go em SP. E estava sendo assim pra ele naquele dia.

Nesse dia não houve tempo pra lágrimas. Só havia deslumbramento, alegria, empolgação e gratidão. Por estar ali, por estar acontecendo, por conhecer pessoas tão queridas e poder dividir com elas a emoção de ver ao vivo a maior banda do mundo.

Momentos marcantes pra mim além da abertura com Release: Unthought Known que é uma música que eu queria ouvir ao vivo e que me acompanhou muito esse ano, a indignação da Clau quando tocou Save You (que eu adoro e achei que não fosse tocar) pq o público presente não conhecia e Rearviewmirror simplesmente porque é Rearviewmirror :)

No final do show uma sensação de estar vivendo um sonho. E que ia ser cada vez melhor.

*Foto feita pela Clau (não tirei nenhuma foto esse dia!)

Com quem?
Luana, Aline, Clau, Diego, Carlos, Fernando, Jisley, Pedro, Tadeu.

Ouvindo o que?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Um documentário, um show, uma espera...

Faltam 42 dias pro primeiro show do Pearl Jam no Brasil.

Outro dia relendo um texto de um amigo no blog dele, escrito em abril, vi como o tempo passou rápido. Em abril eu já estava esperando, porém sem saber se aconteceria. Uma espera que se estendeu até julho, quando em uma linda segunda feira entrei no twitter e pude ver meus amigos já surtando com as boas novas. Fui inundada por uma felicidade gigante aquele dia!

Quatro datas no Brasil, uma possibilidade de ir até a Argentina. Um milhão de dúvidas existenciais, milhares de e-mails trocados (quem vai, onde vai, como vai) . E no fim, ingressos... ah que emoção comprar os ingressos! Esperar meia noite, falar bobeiras com amigos enquanto isso, comemorar a empreitada bem sucedida.

Um milhão de coisas pra fazer: pesquisar vôos, hotéis, albergues, milhares de e-mails novamente. Muitas coisas sendo decididas. Sensação de liberdade, de felicidade a cada novo passo.

E um novo show anunciado, pré venda no mesmo dia! Justamente um dia que eu sabe-se lá porque não entrei no twitter, não olhei e-mail... mas recebi uma ligação! E meu coração acelerou de novo. Não escutei NADA direito, um barulhão, mas algumas palavras soltas: show extra, pré venda, HOJE. E depois um SMS esclarecendo tudo isso e conectando as palavras. Muito obrigada aliás a meu amigo que me avisou!

E nova espera pela meia noite, novas risadas, novas conversas...

E o tempo vai passando. E um documentário é lançado. E você vê a história da banda da sua vida ser contada. Ri, se emociona... tem a certeza que o amor que você sente por eles faz todo sentido.

No dia seguinte ao documentário um show. Não o que você está esperando, mas de uma banda que você gosta (de maneira normal, sem exageros). Qualidade técnica discutível. Mas o clima de show, as pessoas, tudo ali pra te lembrar que em menos de 2 meses você vai novamente estar ali, em uma pista, mas pra ver após 6 anos a banda da sua vida. A SUA melhor banda do mundo.

E agora estou aqui esperando. Não é uma espera ruim, pelo contrário, é uma espera ansiosa e boa. Serão dias intensos. Misturarão trabalho, com cuidar do filho pequeno, aviões, certamente muito cansaço.

Mas também os shows, as risadas, as lágrimas, a oportunidade de se sentir livre, de se sentir bem, de eliminar ainda que por pouco tempo tudo que existe dentro da sua cabeça. Todas as preocupações, todas as angústias. Dua horas onde nada mais importa.

Sei que a maioria das pessoas lendo isso achará um exagero. Quase ninguém entende o porque de você querer ir a mais de um show, de gastar dinheiro. O porque de você gostar tanto de uma banda. É difícil entender paixões não é mesmo?

Mas eu não tenho como ser mais grata agora a essa oportunidade que terei. Não serão apenas 12 dias de felicidade. Tem sido um ano todo quase de emoções. E isso é o que torna a vida válida não? Rir, chorar, se angustiar, se alegrar.

Dividir isso com pessoas que você nunca teria conhecido se não fosse por esse amor "irracional" é o plus de toda essa história. Desconfio que viver suas paixões a fundo, mergulhar de cabeça só traz coisas boas, pelo menos pra mim tem sido assim :)

E de novo, faltam 42 dias!

PS: no documentário aparecem pessoas que foram a vários show, sendo que um fã foi a 153 shows do Pearl Jam. Então 10 (somando esses de agora com os de 2005) nem é exagero!

sábado, 3 de setembro de 2011

Voltando a falar de escolas...

Não é novidade que esse assunto "escola" tem me atormentado ultimamente. O que é uma boa escola? Onde devo matricular uma pessoa de 3 anos que eu não faço idéia se no futuro optaria por ser professor de física, advogado, jornalista, cantor de bar, ilustrador, dono de banca de jornal? Ah se eu pudesse prever os interesses que surgirão.... aí eu escolheria a escola mais adequada pra isso. Ou será que na verdade a escolha que eu fizer agora vai refletir também nisso? Será que colocando em uma determinada escola eu posso transformar o futuro artista plástico em um professor de física?

Linhas pedagógicas se abrem diante de nós meros mortais (não especialistas em educação) como se fossem roupas, como se fosse óbvio escolher X em detrimento de Y. Mas como escolher algo que vc nem sabe ao certo o que é?

Então me pergunto ultimamente: o que eu espero da escola do meu filho? O que eu quero que ele aprenda lá? O que eu não quero que ele aprenda lá? O que eu espero que da "vida escolar" dele?

Conversei muito sobre isso esses dias com algumas amigas e pude notar o quanto isso é dúvida pra quase toda mãe que tenha essa oportunidade de escolher. Sim porque vamos lembrar que pra maior parte da população essa escolha não existe. Colocá-se onde há vaga, e reza-se pra que a escola corresponda minimamente ao que se espera dela.

Um adendo: muitas vezes na escola pública estão professores maravilhosos. Mal pagos, sem reconhecimento mas muito talentosos. Tenho sorte de ter convivido a minha vida toda com ambiente escolar já que minha mãe foi professora e mais tarde coordenadora em escolas da Prefeitura de São Paulo. Mas também estão profissionais sem motivação, desiludidos, descompromissados (e não estou aqui querendo discutir se eles estão errados de agir assim até porque isso é um assunto pra conversar por dias). Sendo assim, embora eu saiba que na escola pública muitas vezes temos alfabetizadores sensacionais, acabarei optando por uma escola particular. Não quero depender de sorte. Meu irmão por exemplo fez o primeiro ano em uma escola pública (na que minha mãe trabalhava) pois ela sabia que a alfabetizadora de lá era excelente. Mas durante o ano letivo ela teve problemas de saúde, tirou muitas licenças e a substituta era alguém sem preparo algum. Então sendo assim não considerei a sério colocar na escola pública, até porque eu ia ter que bancar uma super discussão com o pai dele pra fazer algo por princípios, mas que eu também não acredito com segurança.

Nesse bate papo virtual com amigas que estão passando pela mesma fase que eu me deparei com duas linhas principais. Uma vertente com maior números de pessoas que ainda acredita mais no ensino tradicional. Que busca um lugar onde o filho seja sim respeitado, onde seus talentos não acadêmicos não sejam tolhidos mas que administre de forma integral todos os conteúdos e os cobre de forma a fazer com que a criança termine o ensino médio apta a concorrer em concursos vestibulares de universidades de ponta nas carreiras mais concorridas. E algumas outra pessoas que estão tentando buscar um lugar onde o conteúdo talvez não seja administrado de maneira tão competente mas que outras características sejam levadas em conta. Pessoas que tem receio que uma educação tradicional pode de alguma maneira limitar algo que a criança tenha de talento mas que não seja valorizada nesse meio (como um talento musical, ou pra artes plásticas, etc).
Há também uma preocupação em poupar de sobrecarga de trabalhos e provas a infância. Lembrando que essa preocupação do quanto cobrar e do quanto poupar a infância de sobrecarga acadêmica independe da linha de ensino, muita gente quer uma escola tradicional mas que não seja tão rigorosa nessa parte pelos menos durante o ensino fundamental.

Voltando a mim e a meu filho de 3 anos. O que eu espero da vida e da educação dele. Primeiro eu gostaria de dizer que tenho uma visão meio negativa da forma como as coisas são ensinadas. Desacredito da importância e da utilidade de muita coisa que é ensinada pela forma como é feito. E volto a dizer que não entendo absolutamente nada de educação então é só uma opinião minha, sem suporte técnico algum e que pode ser contestada por qualquer profissional da área sem que eu me sinta no direito de argumentar. Mas é algo que eu acho e que certamente influi na minha busca da escola ideal. Então eu sendo a mãe dele não consigo entender qual seria a real importância de aos 14 ele saber a tabela periódica de maneira decorada. Entendo a parte que fala: vai servir pro vestibular. Mas e tirando isso? Sou daquelas que acha que lendo um livro, indo viajar, vendo um filme, um museu o aprendizado é real. Estudando coisas soltas pra fazer uma prova não.

E aí tem a parte de preparar a criança pra um futuro promissor. Toda mãe quer que seu filho tenha um futuro promissor isso é fato. O que muda é a opinião de cada uma do que seja isso. Pra algumas é ver o filho numa boa universidade, seguido de um bom emprego, onde ele possa ter base financeira pra fazer o que desejar, ou que siga a nossa carreira e possa continuar nosso trabalho, ou que se destaque como esportista, as possibilidades são muitas. É engraçado como mesmo sabendo que o futuro deles não nos pertence planejamos coisas.

Eu também quero um filho bem sucedido. O que talvez fuja um pouco da opinião da maioria das pessoas é o meu ponto de vista de ser bem sucedido. Não me preocupo nem um pouco com vestibular por hora. Não penso muito também sobre qual carreira ele vá seguir. Meu único desejo é que ele opte pelo que lhe pareça ser o melhor, pelo que o faça feliz. Sem se preocupar com o que acharão disso, com a posição social que isso trará, sem buscar aceitação de outras pessoas inclusive a minha.

Não vivo num mundo de faz de conta e sei que dinheiro tem sim importância. Mas acredito também que importância dele não é tão alta como parece ser. Acredito que existe um mínimo pra que a pessoa possa viver bem. Ninguém é feliz sem ter o que comer, o que vestir, sem ter dinheiro pra comprar remédio, ou pra ter algum lazer. Mas ninguém precisa vestir a roupa da marca X, comer no restaurante Y, viajar todo ano pro lugar tal porque todo mundo vai, ou ter o carro que todos almejam.

Não gosto também da idéia de que se tenha que ser o melhor no que se faz. "Se for ser tal coisa tudo bem, desde que seja o melhor". Que cruel cobrar nada menos que o ser o melhor. Entre todos os milhares profissionais daquela área existe apenas um que tem valor: o melhor. Prefiro acreditar (e passar pro meu filho) que temos que ser o que podemos ser. Se me proponho a fazer um trabalho e isso envolve outras pessoas tenho que fazer minha parte bem feita. Tenho que ter responsabilidade no que faço. Seja um médico atendendo um paciente, seja um advogado defendendo uma causa, um cantor fazendo uma apresentação, um chaveiro moldando uma chave. Temos que fazer bem feito. Mas não precisa ser o juiz que passou no concurso mais concorrido e ganhou o maior status. Pode ser o advogado que tá defendendo um consumidor que foi lesado por seu plano de saúde. Um não tem valor maior que o outro. E é isso que eu quero que ele saiba.

E por tudo isso estou convencida por hora que a melhor opção pra mim é colocá-lo em uma escola que tenha uma proposta menos tradicional. Que valorize mais outras questões do que o conteúdo e o vestibular. Não tenho pressa pra que ele entre numa universidade com 18 anos. Acho cedo demais e por vezes até cruel que com essa idade se escolha uma profissão. Gostaria que antes disso meu filho pudesse viver outras coisas. E se ele optar por fazer uma faculdade disputada, se ele achar que o lugar dele é fazendo engenharia no ITA poderá fazer 1, 2, 3 anos de curso pré vestibular. Não faz sentido pra mim que ele tenha que se preparar 12 anos (e durante a infância e a adolescência) pra uma prova que eu nem sei se ele vai querer fazer. Não compro o discurso do perdeu tempo com isso, podia ter se formado antes porque a vida vai muito além disso. Não perdeu nada, e terá todo tempo depois pra ser o profissional que escolheu.

Tudo isso pra dizer que hoje meu filhote vai fazer a sondagem num colégio que me foi muito recomendado por seguir uma linha mais liberal e construtivista, que eu já visitei e gostei e que torço pra ser a opção acertada.

Ah sim a escola é essa aqui: www.marupiara.com.br

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

20 anos depois...

Há vinte anos eu estava ainda no ensino fundamental (que na época era ginásio!). Não tinha CD (já existia mas eu não tinha), minha vida musical se resumia a um walkman do tamanho de um tijolo e a um microsystem que eu usava pra gravar as músicas que tocavam na rádio. Eu me lembro exatamente do dia que comprei cada um deles. A MTV tinha acabado de começar, mas era difícil sintonizar, nem todo televisor tinha o UHF pra assistir ao canal 32. Sem internet, sem youtube, o contato e a descoberta musical eram muito diferente das atuais. Coleção de folhetos do Fisk pra aprender as letras, cópia de caderno de letras de música de amigas, torcida pra na aula de inglês o professor trazer algo legal, disco emprestado do amigo pra gravar em K7!

Enquanto isso em Seattle Eddie Vedder, Stone Gossard, Mike McCready, Jeff Ament e Dave Krusen lançavam o primeiro álbum do Pearl Jam, Ten.

Não foi de imediato que eu conheci o Ten. Nesse mundo que vivíamos pra que algo chegasse até nós era preciso que alcançasse um sucesso que o fizesse ir parar no rádio ou na TV. Sendo assim foi somente em 1992 que, com a explosão do PJ, pudemos descobrir o álbum e todas as suas nuances. E foi por pensar no aniversário desse disco alardeado e comemorado via internet, que acabei por me lembrar de como era a vida naquela época.

Fiquei nostálgica, com saudade do meu walkman, do meu caderno cheio de letras, da emoção de folhear a revista Bizz em busca de uma música esperada.
Sim, eu admito que hoje é muito mais fácil, cabe muito mais música em um mp3 player qualquer que em um K7, as mochilas devem estar mais leves sem 15 fitas pra levar pra viagem, posso ver mil versões da mesma música que eu gosto, conhecer a letra de qualquer uma delas que me interesse. Vejo filmes, séries, shows na hora que quero.

Mas assim por um momento me deu saudade de outros tempos, onde tudo parecia ser tão cheio de encanto ... lembranças costumam ser seletivas e tornam tudo meio mágico não é mesmo?

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pelo direito de ficar triste

Em meio a ansiedade (boa) que tenho vivenciado e a tantas coisas que tenho pensado sobre a minha vida (que trazem uma angústia natural) tenho ouvido muito "por que você não toma um remédio?" "Tome um antidepressivo".

E escuto esse conselho ser dado pra muita gente. Nos locais onde trabalho grande parte das pessoas usa algum tipo de medicação de ação no sistema nervoso central. Vira e mexe alguém vem me pedir pra dar/trocar uma receita.

Sim, depressão realmente existe. É uma doença séria e precisa ser tratada. Mas existe também tristeza, angustia, alegria, cansaço... sentimentos normais.

Parece entretanto que atualmente todo mundo tem obrigação de ser feliz, bem disposto, engraçado. Não se enquadra nisso? Tome esse remedinho que você ficará "bem".

Mas como aproveitar de verdade a vida, como ter metas, planos, sonhar com um cérebro modulado por medicação?

Cada vez mais cedo se diagnosticam patologias pra sentimentos e comportamentos normais. Na infância a moda é ser hiperativo. Fez mal criação, não quer estudar, se distrai com facilidade? É hiperativo! E tome ritalina, que é uma anfetamina mas que vem sendo dada como se fosse um chá de erva doce, sem preocupação alguma com efeitos colaterais.

Na adolescência depressão, transtorno de comportamento, e tome sertralina, fluoxetina, risperidona! E vamos controlar todas as emoções da fase mais cheia de emoções com medicação! E vamos construir uma personalidade sob efeito de remédios!

Depois de adulto as coisas pioram. Sei que minha amostra é viciada pois nos serviços de saúde o acesso a medicação é mais fácil. Ir ao psiquiatra? Não, peço pro meu colega me passar alguma coisinha, ou pego a receita de um amigo e peço pro meu colega repetir.

Mas mesmo fora desse universo de trabalhadores da saúde o uso de medicação é amplo e crescente.

Eu já tomei antidepressivo em uma época em que as coisas estavam realmente ruins. Emocionalmente ruins. E a mudança foi estrondosa. Em uma semana eu era outra. Nada mais me incomodava. A vida era bela.

Era mesmo? Não, eu estava dopada. E isso com uma medicação considerada leve, em dose baixa. Eu passei a ser muito mais alegre e tolerante. Inclusive com o que não se deve tolerar. A vida é uma só, devemos aceitar tudo e seguir conformados às custas de remédios que alteram nossos sentimentos e comportamentos?

E justamente por isso que eu não quero de jeito nenhum tomar remédio agora. Porque se eu estou vivendo uma fase de questionamento, de tentar me entender como posso optar por tomar uma substância que vai alterar completamente minhas emoções?

Então é isso... menos remédio, mais emoções. Porque ficar triste quando tudo tá uma merda é normal, ficar angustiado diante de uma decisão é normal, enfim é natural reagir a acontecimentos.

Medicar quando necessário é importante, algumas vezes as coisas realmente saem do controle e sem remédio não se consegue reagir a nada. Mas antes disso deveriam vir música, livros, passeios, conversa jogada fora. Ser ou estar feliz de verdade e com coisas reais.

PS: esse post nasceu porque em um mesmo dia um amigo postou no facebook algo sobre uso desnecessário de rivotril, eu ouvi de novo que deveria tomar algum remédio, dois colegas de trabalho me pediram receita de antidepressivo e discuti com algumas amigas o uso abusivo de ritalina e o hiperdiagnóstico de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade.

sábado, 2 de julho de 2011

"Sem a música, a vida seria um erro"*

* Friedrich Nietzsche

Eu não sou música, não toco instrumentos, não canto. O mais próximo disso que cheguei foi estudar um pouco de piano quando adolescente. Infelizmente, ou felizmente, minha relação com a música fica em outro plano. E tenho que dizer que esse plano é um plano superior, quase sagrado.

Minha primeira recordação afetiva relacionada a música é estar sentada no chão aos 4 ou 5 anos ouvindo Stairway to Heaven tocada no violão de meu pai. E que recordação doce! Led Zeppelin entrou cedo na minha vida pra nunca mais sair. Tive essa sorte de tão cedo conhecer uma das maiores bandas do mundo.

Entretanto foi na adolescência que a música começou a ter uma real importância na minha vida. Foi aí que comecei a encontrar nela acalento e resposta pra minhas angústias.

"Quero um machado pra quebrar o gelo, quero acordar do sonho agora mesmo, quero uma chance de tentar viver sem dor" me dizia Thedy aos 12 e eu me fortalecia pra lidar com os novos sentimentos que bagunçavam a minha cabeça. Renato dizia " Sou uma gota d'água,sou um grão de areia, vc me diz que seus pais não lhe entendem, mas vc não entende seus pais" e era tão verdade.

E então a primeira grande banda entrou na minha vida: Guns and Roses. Eu com 13/14 anos me apaixonei (de verdade!) pelo Axl Rose e passei a devorar tudo que tivesse relação com eles. E muitos posteres, muitos recortes de jornal, muita revista Bizz. Estávamos em uma era pré internet e nos primórdios da MTV no Brasil. Quantos clipes eu assisti suspirando!

O Guns trouxe pra mim além de uma paixão, o interesse pelas letras em inglês, e isso tem uma importância gigantesca no rumo das coisas a partir daí. Eu, que até então tinha dificuldade no inglês fraco do ensino fundamental (ginásio!), passei a ter facilidade em entender o idioma. Tanto por decorar e traduzir as letras como por ler as revistas importadas que eu as vezes conseguia comprar. Acho que não seria exagero afirmar que o inglês que eu sei hoje (que confesso não ser perfeito, mas que dá pra se virar) me foi dado pela música!

E foi com Guns que eu tive a primeira experiência em ver um ídolo tocando ao vivo. E como foi incrível! Assistir a um show pra quem tem um apego musical como eu tenho é uma vivência única. Uma liberação pro espírito, uma elevação da alma. Tenho uma lembrança clara desse dia inteiro, do show e da euforia depois dele, caminhando pro estacionamento no meio da multidão, falando sem parar, emocionada.

Nessa época entrou na minha vida o Pearl Jam. Me encantei imediatamente pelas músicas e pelas letras de Eddie Vedder. E não foi uma paixão, foi um encantamento real. Dessa vez eu não queria me casar com Eddie, eu só queria ouvir o que ele tinha a dizer. E como ele tem coisas a dizer. E como eles diz coisas como ninguém!

Seattle passou a ser referência pra mim. Não só Pearl Jam, mas Soundgarden, Alice in Chains, Nirvana... e fora de lá Blind Melon.

"Even flow, thoughts arrive like butterflies, Oh he don't know, so he chases them away, someday yet, he'll begin his life again"

"Head at your feet, fool to your crown, fist of my plate, swallowed it down, enmity gauged, united by fear, tried to endure, what I could not forgive"

E aí eu já estava totalmente envolvida. Coisa de adolescente? Poderia parecer, mas não era. Cá estou com mais de 30 e ainda absorta.

Quando tudo está bem eu escuto música como todo mundo. No rádio, de vários estilos. Mas quando as coisas não estão fáceis escuto repetidas vezes a mesma música. Perdi as contas dos conselhos que "recebi" de Eddie Vedder. Das vezes que fui consolada por ele. Do quanto ele me inspirou. Além dele me socorrem Thom Yorke que, ainda que muitos digam que faz músicas que dão vontade de se matar, escreve coisas maravilhosas e Shannon Hoon que partiu tão cedo mas deixou coisas tão profundas e sábias escritas que passados mais de 15 anos ainda recorro a ele em momentos de desespero emocional.

Gosto e gostei de muitas outras bandas como Coldplay, Oasis e Aerosmith por exemplo que ouço sem compromisso, sem nada além de diversão e distração. E isso também é ótimo, tive a oportunidade de ver essas bandas ao vivo e foram shows incríveis, momentos de êxtase. Entretenimento puro.

Em 2005 depois de cerca de 13 anos de espera tive a oportunidade de ver ao vivo a maior banda do mundo. Poucas pessoas entendem o significado disso na minha vida. Poucas pessoas entendem o porque de eu ter me mobilizado pra ver o maior número possível de shows. "Shows iguais?" "Gastar dinheiro viajando pra ver uma banda que tocará DUAS vezes aqui em São Paulo?"

Foram 6 dias intensos, emocionantes e inesquecíveis. 3 vôos, 4 shows, e um vulcão de sentimentos. Passados quase 6 anos a lembrança dessa semana ainda me dá frio na barriga e vontade de chorar de emoção.

Eu gostaria de ser capaz de descrever a experiência de ver diante de mim Eddie Vedder, Stone Gossard, Jeff Ament, Mike McCready e Matt Cameron. Mas não sou. Nem que eu passe horas ou dias tentando. Então vou apenas dizer que naqueles momentos era como se o resto do mundo não existisse, como se na minha cabeça não houvesse mais nada a não ser o que estava acontecendo naquele instante.

Em 2009 Radiohead veio pela primeira vez ao Brasil. E novamente me vi diante de um idolo mór. Não foi a mesma coisa que com o Pearl Jam. Mas foi transcendental, emocionante, maravilhoso. Thom Yorke diante de nós, com toda sua inteligência, com todo seu talento... levei cerca de 3 horas pra conseguir chegar em casa depois do show, mas eu estava tão enebriada pelo efeito dele que nada mais importava.

Desde 2005 espero a prometida volta do Pearl Jam ao Brasil. "Dois ou três anos, talvez um" me disse Eddie Vedder durante um dos shows. Mas lá se vão quase 6 anos. Nesse tempo eu vivi bem com a espera. Continuei ouvindo as músicas como mantras... e tudo ia bem até o começo desse ano.

Surgiu então uma necessidade enorme de vê-los novamente. Até sei o porque, mas fato é que isso coincidiu com uma enxurrada de boatos sobre uma nova vinda ao Brasil. A cada novo boato uma nova ansiedade. Datas e locais sempre de fontes duvidosas divulgados a todo momento. Por sorte não estou sozinha. Ganhei de presente em 2005 amigos que compartilham da mesma paixão que eu e que tem sido minha salvação esses dias. E se pra todo o resto da humanidade pode soar ridículo se angustiar por um possível show, pra eles (e pra mim é claro) isso é normal. Surto coletivo é muito melhor! Principalmente quando seus companheiros de surto são pessoas que você admira muito em tantos outros aspectos além do bom gosto musical.

E sigo aguardando um provável anuncio de show ouvindo todo dia a voz que me acompanha há quase 20 anos. E outras vozes que me acompanham há mais ou menos tempo, mas que são parte de minha vida tanto quanto meus amigos e minha família. Que muitas vezes souberam como ninguém me mostrar caminhos, soluções, que me deram e me dão força quando eu preciso, me distraem, me divertem. Sem ligar muito pro que outras pessoas possam achar disso. Se é loucura ou não pouco importa. Pra mim é natural e sendo assim é o que basta.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Projeto Corrida

E lá estava eu a pensar: preciso fazer uma atividade física. Mas sério academia me dá náuseas. A última que eu fiz era dessas de circuito e até que eu gostava mas não sei, algo anda me impedindo de voltar.
Então lembrei do quanto eu adoro andar em parques. Ficar no sol, sentir cheiro de terra, de planta, ouvir passarinho é uma terapia. Me sinto recarregada!

E comecei a pensar em correr... mas não sei porque a idéia de correr parecia algo extremamente complicado! Acho também que eu associava muito correr com esteira. E realmenteesteira é chato demais!

Até que uma amiga me disse que começou a correr com um aplicativo do Iphone e agora já tá até participando de corridas de rua. Isso em cerca de 6 meses...

Me animei e comecei a considerar seriamente a hipótese. Também botei um aplicativo no celular e resolvi tentar. Meu cunhado me passou um treinamento "infalível" pra iniciantes e hoje resolvi me arriscar!

Roupa esportiva, tenis, Ipod e Pearl Jam e lá fui eu! O dia ajudou muito, céu azul, friozinho gostoso... Foi ótimo!

Então é isso: em breve nova versão Barbara maratonista! :P

sábado, 21 de maio de 2011

Síndrome da Adolescência Normal

Hoje fiquei com vontade de escrever um pouco de algo que convivo diariamente e que é motivo de alegria pra mim.

O trabalho com adolescentes surgiu pra mim como uma fusão de coisas que eu gostava. Uma medicina muito mais ampla que sintoma/doença/remédio. Que enxerga o indivíduo como um todo, onde corpo, mente, ambiente estão integrados. Através da Hebiatria (medicina do adolescente) eu encontrei um trabalho que me instiga e me faz acreditar no que estou fazendo. Então aí vai o primeiro post sobre adolescentes...


A adolescência é quando a personalidade se forma, as opiniões surgem, existe um desejo enorme de mudar, de fazer diferença. Sendo assim é uma fase, pelo menos pra mim, encantadora.

Trabalhando com adolescentes porém o que vemos são pais, professores, e quem quer que esteja perto do adolescente muitas vezes perdidos. Não é raro que a escola ou a família busquem o serviço de saúde almejando tratamento psicológico pra situações que na maioria das vezes são esperadas pra idade.

Certamente não é fácil pra família lidar com a perda daquela criança. Mas também não é fácil pro adolescente deixar de ser criança.

Costuma-se dizer que na adolescência vivem-se 3 lutos: a perda do corpo infantil, a perda dos pais da infância e a perda da identidade e do papel infantil. E existem 10 características que em adolescentes são totalmente esperadas, conhecidas como Síndrome da Adolescência Normal. São elas:

Busca de si mesmo e da identidade adulta
Através da elaboração dos 3 lutos característicos dessa idade o adolescente busca constantemente a desejada identidade adulta, o "quem sou eu", que ele só vai encontrar no final do processo.

Tendência Grupal
O adolescente pertence ao grupo mais que a familia, assim sendo a opinião e costumes do grupo passam a ser prioritários pro adolescente. Ser aceito no grupo é prioritário.

Necessidade de intelectualização, fantasia e saída do presente
É um mecanismo de defesa e de pensamento típico da idade, grandes planos são elaborados, a imaginação predomina. Desse pensamento muitas vezes surgem mudanças reais que impulsionam a evolução humana.

Crises religiosas
Desde misticismo, ateísmo, fanatismo religioso. Muitas vezes o mesmo adolescente experimenta vários comportamentos religiosos.

Distemporalidade
Algumas coisas são urgentes (comprar uma mala pra uma viagem daqui 1 semana) outras nem tanto (estudar pra prova de hoje a tarde)

Evolução sexual
Desde inicio da descoberta do corpo e do prazer sexual até a busca de parcerias, jogos de conquista, amor romântico, paixões intensas e fugazes

Atitude Social Reivindicatória
a melhor caracterísica do adolescente na minha opinião. Nessa idade os absurdos socias, as divisões de classe injustas, as burocracias, etc, são alvo de revolta e de atitudes que infelizmente são coibidas por adultos conformados e coniventes com o padrão social vigente.

Contradições sucessivas de Conduta
Por todas as mudanças físicas e emocionais que está passando o adolescente não tem como manter uma postura rígida e continua. Logo as mudanças constantes são tanto esperadas como necessárias.

Separação dos pais
Feita de maneira gradual ou abrupta é uma característica que frequentemente incomoda em demasia a família que se sente perdendo o adolescente. Porém pra que se construa a própria identidade é primordial que esse afastamento ocorra.

Flutuações do humor com predomínio depressivo
Uma conquista pequena leva a uma alegria e comemoração enorme. Um pequeno contra tempo tem o efeito inverso e leva a tristeza também "desporporcional". Isso várias vezes ao dia, leva a choros e euforias frequentes que muitas vezes preocupam a família. Importante diferenciar a labilidade emocional de depressão real que possa precisar de tratamento adequado.

Essas características todas, que se apresentam em maior ou menor intensidade individualmente, são essenciais pra que se possa sair de uma personalidade infantil e se alcançar uma personalidade adulta. E muitas delas são tão especiais que se as mantivéssemos ao longo da vida muita coisa seria melhor pra nós e pro mundo ;-)




quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um dia diferente

Estou em uma fase da vida de muitos questionamentos. Uma amiga querida me disse que isso é uma crise dos 30 atrasada, já que na época que eu tinha trinta engravidei e o foco se voltou pra gestação/bebê. Não sei se é isso ou se caiu uma ficha, um raio na minha cabeça mas há cerca de 1 ano eu me descobri uma pessoa perdida.

Tá bom não vamos exagerar demais nas colocações. Não estou totalmente perdida. Tenho uma casa, um emprego (na verdade 3), um filho, um marido. Tenho amigos. O "perdida" aqui seria mais um questionamento de qual o meu propósito no mundo.

Um dia escrevi em um papel: O que eu realmente quero?

A resposta foi angustiante porque coloquei alguns bens materiais, algumas coisas que eu pretendia, mas olhando aquele papel ele me pareceu extremamente vazio. E assim ligou-se em mim uma inquietação.

Então no começo desse ano de 2011 minha meta única foi descobrir: o que eu realmente quero?

E confesso que estou realmente empenhada nisso. Nunca refleti tanto, nunca pensei tanto... resolvi resgatar tudo que um dia me parecia importante, resolvi prestar atenção em tudo e ver onde as coisas estavam se perdendo.

E sendo assim me vi desesperada por um tempo sozinha. Um dia sozinha, algumas horas sozinha!
Percebi que eu nunca estou sozinha. Sempre tem alguém comigo, meus únicos momentos de "solidão" são no carro a caminho do trabalho. E eu tratava de preencher logo esse "vazio" ligando pra alguém, então na verdade eu estava com alguém ainda que esse alguém estivesse longe.

Passei a me policiar com relação a isso para que esses minutos (que não são tão poucos assim visto que moro em SP) de trânsito se tornassem meu momento especial. Um momento só meu, onde eu penso, escuto música bem alto, tento me libertar.

E assim surgiu uma vontade nova: um dia todo sozinha! Quanto tempo fazia que eu não passava um dia inteiro sozinha? Pois bem, resolvi botar em prática, achei que eu merecia esse momento e organizei um dia OFF, só meu, sem planos, sem nada... só desfrutando a solidão!

Hoje foi esse dia. Avisei no trabalho que não iria, mas mantive a mesma rotina diária. Gustavo foi pra casa da minha mãe e eu saí meio sem rumo.

Levei comigo meu livro do momento: Comer, Rezar, Amar. Abro um parênteses porque sei que muita gente acha uma idiotice esse livro e a busca interior que se tenta após lê-lo. Mas em minha defesa eu digo que: 1) Minha busca interior começou muito antes de qualquer livro, já que o comprei há apenas 1 semana 2)não vi o filme (o que é um mistério já que eu sou bem tontinha pra filme e amo tudo que envolva Julia Roberts) e na verdade cheguei até o filme através da trilha sonora. Acho que Eddie, meu guru (como disse a mesma amiga querida da crise atrasada dos 30), de alguma forma me apresentou pro livro. Eu fã total da música Better Days que tem uma letra que exprime exatamente como tenho me sentido nesses últimos meses fui colocar o clipe dela em uma brincadeira do Facebook chamada 30 Day Song Challenge e tive um clique! O filme fala de algo que eu aparentemente estou vivendo, então me interessei por assitir. Porém sempre que um filme é feito de um livro eu prefiro ler primeiro o livro porque muito se perde nos filmes e o caminho inverso (primeiro filme e depois livro) me parece ilógico. Pois bem a música me apresentou o clipe que me apresentou o filme que me lembrou do livro e bingo estou eu lendo Comer, Rezar, Amar.

Voltando ao dia de hoje...

Saí e fui a um café onde fiquei por cerca uma hora lendo, comendo pão de queijo e tomando chocolate quente! Sem preocupação com horário, sem pensar em nada a não ser no momento. Saindo de lá fui a um parque que eu adoro mas nunca vou apesar de ser tão perto de casa. Sentei em meio as árvores, li mais um pouco, ouvi música (minha terapia!), andei com cheiro de terra molhada adentrando meus pulmões e me dando uma alegria meio desmedida.

Resolvi então ir até a Avenida Paulista, andar um pouquinho no meio de montes de desconhecidos e visitar alguns quadros queridos no MASP. Ir à Av Paulista não combina com carro então deixei o meu no estacionamento e segui de metro.
Fui calmante sentada (luxo porque não era horário de pico), andei pelas largas calçadas, visitei alguns quadros de Renoir, Delacroix, Degas, Van Gogh, Picasso, Monet... me senti muito feliz de estar ali sem obrigação de nada, apreciando só por prazer mesmo, tentando sentir e não entender o que quer que fosse...

Meu dia teve também sorvete, lasanha, banho demoradíssimo com sabonetes e cremes especiais que juro são capazes de causar sensações maravilhosas.

E aí voltei à vida "normal"... busquei o Gustavo, pintamos, brincamos de carrinho, ele me fez ficar horas no quarto pra dormir... vida que segue. Mas de alguma forma algo certamente mudou. Não hoje apenas. Não uma mágica, mas pequenas coisas que podem fazer diferença e quem sabe te fazer se encontrar no mundo, ainda que não totalmente. A vida as vezes se torna tão mecânica que você se perde na rotina, vai fazendo menos e menos coisas prazerosas e mais e mais coisas "importantes e responsáveis" e isso tudo vai se acumulando de tal forma que chega-se a um ponto que não se consegue mais reconhecer o que de fato nos dá prazer, o que de fato gostamos.

E nesse sentido o dia de hoje foi especial, uma tentativa de resgate, como colocar a cabeça fora da água quando se ficou com a respiração presa por muito tempo. Que isso seja uma parte pequena de uma grande mudança!

sábado, 19 de março de 2011

Quando ir pra escola? Com 2 anos... será?

A segunda tentativa de escola foi com 2 anos e 7 meses. Agora já com outra visão. Integral? Jamais! Escola sim mas pra conviver com outras crianças, pra brincar.

Decisões: se ficar doente sai, se ficar doente fica afastado até melhorar.

E a escola já estava escolhida! Sim nada mais natural que voltar pra escola que estava e amava não é? Pois assim foi. Voltou pra escola que tinha frequentado.

Mas um ano e meio depois de sair de lá eu já não era a mesma. Ele também não.

Começamos a adaptação. Nos primeiros dias sucesso! Nada de choro, tudo indo bem. Mas as coias foram ficando diferentes. Começou a chorar pra entrar. Ah mas isso é "normal", todos diziam. "Ah mas para qdo a mãe sai". E parava mesmo pq eu ficava esperando e ia embora de coração partido. Justo eu que me tornei tão contrária ao choro, ia deixar chorar. Mas se todos diziam ser normal... e afinal eu via que ele estava "bem" não é? Ele dizia que gostava da escola, da professora. Mas eu achava estranho, parece que as coisas pioravam ao inves de melhorarem.

Um dia ele me pediu pra buscá-lo. Eu apesar de não ter tempo aceitei e fui. Na saída notei que ele estava de calça e não de short como tinha ido. Notei também que ninguém veio trazê-lo, nem professora, nem auxiliar. Na agenda uma observação: 2 xixis na roupa.

No caminho pra casa uma conversa... "e aí a Tici colocou na cadeirinha". Oi? Colocou onde? Colocou pq? "colocou na cadeirinha pq ela ficou triste" Ficou triste pq vc fez xixi? "não ficou triste pq eu queria a mamãe".

Cada palavra martelando minha cabeça: xixi na roupa, cadeirinha, ficou triste, chorei que queria a mamãe.

Não fui trabalhar. Precisava saber o que estava acontecendo. A única vez que fez xixi na roupa antes depois do desfralde foi nas férias da babá em um dia que sentiu muita falta dela. E agora 2 vezes xixi. E choro. E mamãe me busca.

Fui à escola. Não tinha hora marcada (afinal pq eu teria naquele dia não é?). Então não seria atendida. Quase não acreditei. Mas me plantei lá até ser atendida.

Veio a coordenadora. Tudo é "normal" "xixi escapa" " não pode ter sido com ele que ela brigou ele é bonzinho... deve ter sido com um menino levado da classe" "ele é tímido". Cada coisa que ela falava me parecia mais absurda que a outra.

E finalmente eu soube: ele não vai mais. Não nessa escola, não agora, não desse jeito.

Foi um aprendizado pra mim e não pra ele, mas foi. Aprendi que devo respeitar o que eu acredito. E a próxima escola será escolhida de modo totalmente diferente.

Quando ir pra escola? Com 5 meses é claro!

Eu antes de ser mãe sempre soube que meu filho iria pra escola com 5 meses no fim da licença maternidade. Eu nunca cogitei qualquer outra coisa.
Bem meu filho nasceu, e eu escolhi com cuidado um excelente berçário onde ele seria bem tratado, sua alimentação respeitada, onde houvesse segurança e carinho.

A adaptação foi muito fácil. Primeiro dia 30 minutos, segundo dia 1 hora, depois duas e qdo percebi ele já estava ficando das 07:00 até as 17:00h. Finalmente minha vida estava exatamente como eu tinha planejado anos a fio antes de engravidar! E então vieram as "viroses" de escolinha. Não foi de cara, foram 2 meses de calmaria até a primeira otite. Aí um mês e a segunda, então veio tosse, veio chiado, veio corticoide, antibiótico e mais antibiótico e peso estagnado... afastamento por 3 semanas pra recuperação do sistema imunológico, o retorno e novos antibióticos até a decisão final: VAMOS TIRAR DA ESCOLA.

Pra mim isso caiu como uma bomba! Como assim tirar? E tudo que eu havia planejado antes mesmo de ser mãe? E agora?

A solução foi contratar uma babá e por sorte poder contar com uma recém aposentada vovó que seria a retaguarda desse esquema.

E assim entre lágrimas tirei meu filho da escola pela primeira vez.

Por que fazer um blog

Esse blog pra mim acho que é mais uma terapia e um modo de juntar coisa que eu realmente gosto. Uma maneira de me entender e de me expressar ainda que seja só pra mim.
É isso. Eu não tenho nada de super inovador, nem uma história super emocionante pra contar. Tenho apenas pensamentos e interesses que talvez possa compartihar com outros! No fim pra mim é um grande arquivo de idéias!