quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um dia diferente

Estou em uma fase da vida de muitos questionamentos. Uma amiga querida me disse que isso é uma crise dos 30 atrasada, já que na época que eu tinha trinta engravidei e o foco se voltou pra gestação/bebê. Não sei se é isso ou se caiu uma ficha, um raio na minha cabeça mas há cerca de 1 ano eu me descobri uma pessoa perdida.

Tá bom não vamos exagerar demais nas colocações. Não estou totalmente perdida. Tenho uma casa, um emprego (na verdade 3), um filho, um marido. Tenho amigos. O "perdida" aqui seria mais um questionamento de qual o meu propósito no mundo.

Um dia escrevi em um papel: O que eu realmente quero?

A resposta foi angustiante porque coloquei alguns bens materiais, algumas coisas que eu pretendia, mas olhando aquele papel ele me pareceu extremamente vazio. E assim ligou-se em mim uma inquietação.

Então no começo desse ano de 2011 minha meta única foi descobrir: o que eu realmente quero?

E confesso que estou realmente empenhada nisso. Nunca refleti tanto, nunca pensei tanto... resolvi resgatar tudo que um dia me parecia importante, resolvi prestar atenção em tudo e ver onde as coisas estavam se perdendo.

E sendo assim me vi desesperada por um tempo sozinha. Um dia sozinha, algumas horas sozinha!
Percebi que eu nunca estou sozinha. Sempre tem alguém comigo, meus únicos momentos de "solidão" são no carro a caminho do trabalho. E eu tratava de preencher logo esse "vazio" ligando pra alguém, então na verdade eu estava com alguém ainda que esse alguém estivesse longe.

Passei a me policiar com relação a isso para que esses minutos (que não são tão poucos assim visto que moro em SP) de trânsito se tornassem meu momento especial. Um momento só meu, onde eu penso, escuto música bem alto, tento me libertar.

E assim surgiu uma vontade nova: um dia todo sozinha! Quanto tempo fazia que eu não passava um dia inteiro sozinha? Pois bem, resolvi botar em prática, achei que eu merecia esse momento e organizei um dia OFF, só meu, sem planos, sem nada... só desfrutando a solidão!

Hoje foi esse dia. Avisei no trabalho que não iria, mas mantive a mesma rotina diária. Gustavo foi pra casa da minha mãe e eu saí meio sem rumo.

Levei comigo meu livro do momento: Comer, Rezar, Amar. Abro um parênteses porque sei que muita gente acha uma idiotice esse livro e a busca interior que se tenta após lê-lo. Mas em minha defesa eu digo que: 1) Minha busca interior começou muito antes de qualquer livro, já que o comprei há apenas 1 semana 2)não vi o filme (o que é um mistério já que eu sou bem tontinha pra filme e amo tudo que envolva Julia Roberts) e na verdade cheguei até o filme através da trilha sonora. Acho que Eddie, meu guru (como disse a mesma amiga querida da crise atrasada dos 30), de alguma forma me apresentou pro livro. Eu fã total da música Better Days que tem uma letra que exprime exatamente como tenho me sentido nesses últimos meses fui colocar o clipe dela em uma brincadeira do Facebook chamada 30 Day Song Challenge e tive um clique! O filme fala de algo que eu aparentemente estou vivendo, então me interessei por assitir. Porém sempre que um filme é feito de um livro eu prefiro ler primeiro o livro porque muito se perde nos filmes e o caminho inverso (primeiro filme e depois livro) me parece ilógico. Pois bem a música me apresentou o clipe que me apresentou o filme que me lembrou do livro e bingo estou eu lendo Comer, Rezar, Amar.

Voltando ao dia de hoje...

Saí e fui a um café onde fiquei por cerca uma hora lendo, comendo pão de queijo e tomando chocolate quente! Sem preocupação com horário, sem pensar em nada a não ser no momento. Saindo de lá fui a um parque que eu adoro mas nunca vou apesar de ser tão perto de casa. Sentei em meio as árvores, li mais um pouco, ouvi música (minha terapia!), andei com cheiro de terra molhada adentrando meus pulmões e me dando uma alegria meio desmedida.

Resolvi então ir até a Avenida Paulista, andar um pouquinho no meio de montes de desconhecidos e visitar alguns quadros queridos no MASP. Ir à Av Paulista não combina com carro então deixei o meu no estacionamento e segui de metro.
Fui calmante sentada (luxo porque não era horário de pico), andei pelas largas calçadas, visitei alguns quadros de Renoir, Delacroix, Degas, Van Gogh, Picasso, Monet... me senti muito feliz de estar ali sem obrigação de nada, apreciando só por prazer mesmo, tentando sentir e não entender o que quer que fosse...

Meu dia teve também sorvete, lasanha, banho demoradíssimo com sabonetes e cremes especiais que juro são capazes de causar sensações maravilhosas.

E aí voltei à vida "normal"... busquei o Gustavo, pintamos, brincamos de carrinho, ele me fez ficar horas no quarto pra dormir... vida que segue. Mas de alguma forma algo certamente mudou. Não hoje apenas. Não uma mágica, mas pequenas coisas que podem fazer diferença e quem sabe te fazer se encontrar no mundo, ainda que não totalmente. A vida as vezes se torna tão mecânica que você se perde na rotina, vai fazendo menos e menos coisas prazerosas e mais e mais coisas "importantes e responsáveis" e isso tudo vai se acumulando de tal forma que chega-se a um ponto que não se consegue mais reconhecer o que de fato nos dá prazer, o que de fato gostamos.

E nesse sentido o dia de hoje foi especial, uma tentativa de resgate, como colocar a cabeça fora da água quando se ficou com a respiração presa por muito tempo. Que isso seja uma parte pequena de uma grande mudança!

2 comentários:

  1. Adorei!E tambem me incluo nessa inquietação!
    Você não esta sozinha.E acho que ela me acompanhará por toda a vida....Algumas vezes mais intensa, outra menos.
    E esse momento do carro é fundamental!
    Eu até fujo de carona ultimamente.Ops, não sei se é politicamente correto falar assim..
    Bom, deixa pra lá

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  2. Acredito que crises acontecem em todas as idades. O importante é nos darmos conta e pararmos para refletir e mudar ou...não, rsrs.

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